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Casa d'avó Madalena

Casa de uma matrafona que mora na Aldêa, passa o dia assentada no pial a dizer patochadas

Casa d'avó Madalena

Casa de uma matrafona que mora na Aldêa, passa o dia assentada no pial a dizer patochadas

Em modo "tele"

Avó Madalena, 21.04.20

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Tele-trabalho, tele-escola, tele-visão, tele-móvel.... e com 4 letrinhas apenas a nossa vida transforma-se e reajusta-se.... vivemos numa bolha e tudo nos chega quase que por tele-transporte...

As aulas do herdeiro começaram ontem, primeiro estranhou, mas ao final do dia já estava mais animado. Gostou de 2 professores que nunca viu, mas que do outro lado da tela conseguiram passar uma energia tal que o herdeiro gostou das aulas e ficou motivado para uma discilplina que não era das suas preferidas. Acho que deve ser pelo amor com que se fazem as coisas, com a resiliência de cada um de nós, com as ferramentas interiores de cada um... aqueles 2 professores, sem saberem, "tocaram" num adolescente a km de distancia de forma positiva.

E Eu? Eu estou desde o dia 17 de Março em tele-trabalho e confesso que não estou a adorar (vá tens dias em que adoro e outros que gosto menos um bocado). Se por um lado é otimo porque consigo manter a rotina 9-17 e assim o tempo passa dento "da normalidade", por outro falta-me qualquer coisa...

Curioso, como por vezes desejamos coisas que afinal não queremos... quantas vezes pensei que gostava que o mundo parasse por uns instantes para eu me recompor? Quantas vezes desejar poder ficar a trabalhar em casa? No meu espaço, com as minhas coisas? Parabéns, tens o que querias... ou se calhar não era bem isto, certo?

O problema das tele-coisas é a interpretação das palavras que lês, da entoação de uma frase, da impulsividade de responder a um email sem usar filtros. Escreves de uma maneira, mas do outro lado da tela alguém coloca outra entoação e puff... desgraças acontecem e o mesmo para ti, recebes um email que lês de outra maneira e puff...

Parece que o herdeiro está a lidar com isto bem melhor do que eu, mas para uma pessoa que não "gostava de tecnologia" a coisa até está a correr bem..."O treino não pára!", certo?

 

Cozido de grão com abóbora, nabo e feijão verde

Avó Madalena, 20.04.20

 

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De volta à cozinha! Parece que passo o dia a cozinhar e a lavar loiça, quando acaba uma refeição tenho de começar a preparar a seguinte... passamos de 2 refeições por dia (em casa) para 6!

Ainda tinha nabo e feijão verde do cabaz da semana e passada... desfolhei o meu caderinho de dicas e ei-la: a receita perfeita para esta segunda feira de chuva: cozido de grão com abóbora, nabo e feijão verde! (A boa noticia é que já não tenho de fazer jantar!)

Ingredientes

  • 400g de grão-de-bico (Usei grão de conserva, o que tinha congelado acabou e ainda não cozi mais) 
  • 400g de cenoura
  • 400g de abóbora
  • 250g de feijão verde
  • 20g de hortelã
  • 20g de salsa
  • 40g de alho
  • 300g de cebola
  • 2g de sal
  • 3g de pimenta preta moída
  • 3g de cominhos
  • 30ml de azeite
  • 200ml de vinho branco
  • 300g de nabo
  • 2l água

Preparação

  1. Piquei  a cebola e o alho no azeite e colquei no tacho com vinho branco em lume brando durante 3 minutos.
  2. Seguidamente juntei o grão, a água e todos os legumes cortados (à exceção do feijão-verde). Juntei mais um pouco de água até cobrir os legumes. Juntei metade da quantidade de hortelã e de salsa picadas. Deixei cozinhar em lume brando durante mais 30 minutos.
  3. Acrescentei o feijão-verde cortado. Deixei apurar durante mais uns minutos. Desliguei o fogão e juntei as restantes ervas aromáticas picadas. 

 

Receita original: https://www.pratocerto.pt/ca-em-casa/receitas/cozido-de-grao-com-abobora-nabo-e-feijao-verde

35 dias em reconhecimento

Avó Madalena, 17.04.20

As rotinas do isolamento social estão em andamento.

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Acordo cedo (mas mais tarde do que o "normal), trato da higiene pessoal, faço a cama, visto-me e calço-me como se fosse sair,  leio ou vejo as redes sociais e às 9h em ponto estou à secretaria, pronta para o teletrabalho.

Ás 17h, desligo computador e trato das atividades da casa, do jantar, assisto a um curso de PLN (Programação Neuro Linguística), janto, arrumo a cozinha e às 21h a Internet é desligada. Ainda vejo um bocado de televisão, mas às 22h vou para cama e ainda leio umas páginas de um qualquer livro que esteja na mesa de cabeceira.

Sinto-me bem, só fico ansiosa quando tenho de sair, mas como só o faço 1 vez por semana já vou controlando melhor.

Dentro do possível, já estabeleci uma normalidade. Faço coisas que tinha vindo a adiar - por exemplo pão... das 3 vezes que fiz esqueci-me de colocar sal, mas não vou desistir de fazer um bom pão perfeito... A vida têm-me ensinado que os erros fazem parte, que feito é melhor do que perfeito!

A perfeição sempre provocou em mim um medo.... medo de não ficar como quero, medo de não falhar... muitas vezes acabei por não fazer coisas porque achava que ainda não estava preparada, que não era a altura certa... a verdade é que a altura certa é agora! Já perdi tempo demais e não vou perder mais à espera que o momento certo chegue.

Sim, confesso que o isolamento está a fazer-me olhar mais para dentro, a reconhecer em mim coisas que não sabia.

A vida deu-me limões e eu fiz uma limonada!

Tenho o sonho de ir para a Índia, fazer um retiro espiritual, meditação, reconhecimento... estou a "aproveitar" este tempo em casa para testar essa resiliência, essa vontade de estar comigo mesma. Não fui ao ashram, trouxe o ashram até mim!

 

 

 

Creme de batata doce e beldroegas

Avó Madalena, 07.04.20

No livro de receitas diz que  é "para dias de festa".Hoje é dia de festa. Cada dia que passo saudável e que a minha família e amigos também estão bem é dia de festa!

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Já perdi a inspiração para fazer menu semanal, parece que os dias vão passando em função das refeições que se fazem e que se comem. Hoje (tal como ontem) apetecia-me qualquer coisa nova.

A prateleira da cozinha está cheia de livros de receitas e dicas, mas tudo parece complicado ou falta sempre um qualquer ingrediente. Fui ao site do Prato Certo e bati o olho nesta receita com beldroegas: https://www.pratocerto.pt/ca-em-casa/receitas/creme-de-batata-doce-e-beldroegas

Saiu um creme roxo, devido a um pequeno "problema técnico" - utilizei batata doce roxa e o creme ficou arroxado. 

O importante é que ficou cremoso e muito bom.

(Amanhã é dia de ir buscar o cabaz!!!!)

 

Seria apenas mais uma ida ao supermercado...

Avó Madalena, 01.04.20

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Hoje foi dia de "furar" a quarentena para ir fazer umas compras. Segui a rotina do costume: verificar o stock, ver as ementas, fazer a lista, preparar os sacos, os cartões! Parecia tão fácil...

Até ao momento em que tive de me preparar para sair.. as pernas tremeram, a garganta fechou, o coração tentou saltar do peito e as lágrimas escaparam.... por instantes senti-me bloqueada... medo, pânico de ter de ir ao supermercado. Na minha cabeça a loja compara-se a um campo minado: desviar-me dos outros clientes, tocar o mínimo possível nas coisas, manter distancia de segurança, não me esquecer de nada porque não sei quando voltas, não coçar a cara, não mexer nos óculos,  desinfectar as mãos.. serei capaz de fazer todos os passos necessários? Limpar-me o suficiente para não deixar o vírus entrar na minha casa? Não colocar o meu filho em perigo? 

Quem diria que uma situação normal, vulgar me causaria tanto transtorno? 

Não foi um momento fácil... 

Depois de uma chamada para uma amiga, acalmei, enchi-me de coragem (e lágrimas) e lá fui eu.... pernas a tremer, vontade de vomitar, tonturas... a espera na fila, o segurança a controlar entradas e saídas, as prateleiras vazias.... foi uma experiência horrível.... MAS, sobrevivi, consegui fazer quase tudo o que me tinha proposto. 

(Infelizmente esqueci-me de ir à farmácia.... mas isso será outra etapa)